Contexto
O Brasil vivencia um crescimento econômico relevante nas últimas duas décadas. Mas uma variável de dificuldade para sustentar o crescimento econômico nos próximos anos é a falta de profissionais altamente qualificados nas mais diversas áreas do conhecimento, inclusive a de Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC), área considerada transversal aos diversos domínios de aplicação nas estratégias de planejamento, desenvolvimento e inovação no Brasil e em diversos outros países.
O Brasil tem apenas algumas universidades entre as top 400, com forte concentração na região costeira. Sabe-se que a oferta de recursos humanos de alta qualidade orienta o planejamento e estratégias de alocação de parques industriais e de sistemas produtivos nas diversas regiões do País. O aprimoramento da formação de recursos humanos de alta qualidade deve, na medida do possível, ocorrer em todo o território nacional, envolvendo redes de colaboração que promovam a mobilidade nacional, além da mobilidade internacional. Essas redes poderiam ser enriquecidas com a perspectiva de cooperação academia-empresa, que é um dos requisitos de editais de chamadas a projetos, como os do Programa INCTs (operacionalizado no CNPq) e os dos CEPIDs - Centros de Pesquisa, Inovação e Difusão (FAPESP). Essas redes de cooperação academia-indústria (e governo) podem favorecer o estabelecimento de condições e financiamentos para a pesquisa, desenvolvimento e inovação, e para a formação de recursos humanos de qualidade de forma integrada. Nesse cenário, o desenvolvimento de conteúdos livres (software e material de ensino e treinamento) em redes de colaboração facilita a formação de profissionais altamente qualificados. Essas perspectivas favorecem a cooperação, a transferência tecnológica e a tendência de estreitar a geração e o uso efetivo de resultados de pesquisa, desenvolvimento e inovação.
O presente material visa a fortalecer a perspectiva de colaboração na formação de profissionais qualificados em teste de software, com o uso de produtos de software livre. Consideramos uma iniciativa relevante dada a escassez de profissionais com perfil para Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) em TICS, em particular na área de Teste de Software, tema de relevância acadêmica e industrial.
O primeiro uso desse material ocorreu no contexto de cooperação do Instituto de Computação da Universidade Federal do Amazonas (ICOMP / UFAM) com a Samsung Electrônica da Amazônia (SEDA), no escopo de um programa de aprendizagem de TICs envolvendo essas instituições. Esse programa visa a oferecer cursos de formação avançada para profissionais e estudantes em determinadas áreas da computação. Uma área importante da Samsung (P&D) se concentra em teste e garantia de qualidade de aplicações móveis, demandando qualificação de parte de sua equipe na área de Automatização de Teste de Software.
Assim sendo, com o objetivo de trabalhar nessa questão e dada a alta demanda por profissionais qualificados nessa área, pesquisadores de três universidades brasileiras (USP, UFG e UFAM), articuladas pela UFAM, estabeleceram uma colaboração com a SEDA com o objetivo de desenvolver e implementar uma metodologia de treinamento e capacitação em Automatização de Teste de Software para profissionais da indústria e estudantes. Essa iniciativa foi consolidada no escopo do CCSL-ICMC/NAP-SOL (Centro de Competência em Software Livre/Núcleo de Apoio a Pesquisa em Software Livre).
Ao todo foram elaborados materiais para aproximadamente 240 horas de treinamento envolvendo teoria e prática. Todo material gerado está disponível para fins educacionais, possibilitando a disseminação do conhecimento na área de Teste de Software e Automatização de Teste de Software.
Existe uma vasta gama de ferramentas proprietárias e de código aberto para apoio a diferentes atividades e critérios de teste. O material foca em ferramentas livres, mas deve-se ressaltar que o uso dessas ferramentas foi no propósito único de ilustrar os conceitos e atividades apresentados. A adequação do uso para efeito de aplicação industrial deve ser precedida de uma avaliação prévia realizada pelas instituições interessadas. Entende-se que ferramentas livres, com licenças públicas podem facilitar o ecossistema de empreendedorismo e inovação.